JOGADOR INVETERADO
 



Minicontos

JOGADOR INVETERADO

luiz celso de matos


JOGADOR INVETERADO





Luiz Celso de Matos
Série Minicontos



Na infância:
— Filho, já fez a lição escolar?
— To jogando bolinha de gude. Já vou!

Na adolescência:
— Filho, onde vais?
— Vou jogar uma sinuquinha na casa da Raquel.
— Ta namorando ela?
— Sim!
— Você não me disse que ela é a mocinha mais bagulha do bairro?
— Sim, mas ela tem mesa de bilhar na casa.

Na fase adulta:
— Onde você vai, Silvio?
— Vou dar uma passadinha no Tio Querido.
— Você dormiu o dia inteiro, não vai jantar?
— Janto lá, depois vou dar um pulinho no Cassino.
— Outra vez?

Após perder tudo, apostando no 2, 3 e 4, Silvio teve um infarto fulminante na mesa de roleta, após mandar, aos berros, o crupiê para a PQosPê.
No jazigo de Silvio uma placa dizia tudo:
Silvio era o rei da simpatia, morou em Curitiba; trabalhou às vezes terça e quarta em São Paulo e Viveu intensamente em Puerto Iguazú no outros dias da semana. Segundo seu contador, o dinheiro gasto na terra de Maradona dava para ele ter construído no mínimo cinco cassinos.
Chegando no Céu Silvio perguntou a São Pedro se Toninho já tinha dado entrada, São Pedro respondeu que o mestre do “21” estava esperando esvaziar o apartamento do “Boca” que não tinha dinheiro para as diárias. Sofrera muita inadimplência de jogadores. Mas São Pedro, sabendo que “Boca” era bom de vara, convidou ele para uma sociedade de pescados.
Para o novo ingressante, o porteiro celeste foi dizendo que duvidava muito ele poder entrar no Paraíso.
Silvio sentiu-se vivo com a oportunidade da sua prática costumeira. Com um sorrisinho maroto, perguntou:
— Quer fazer uma apostinha como eu entro?

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

 

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